segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Perdoar... Mas nunca esquecer.

Impressionante como o pessoal pensa que só por que passou um tempinho a gente vai esquecer de tudo, né? Pode até funcionar assim pra algumas pessoas, mas eu definitivamente não sou uma delas e, sinceramente, não acredito na maioria que se diz assim. Veja bem, não é que eu seja daquelas que tomam tudo como uma ofença à honra da família. Nem tampouco guardo rancor pro resto da vida e fico planejando mil estratégias mirabolantes pra me vingar. Mas tem certas coisas que a gente simplesmente não consegue esquecer. Algumas delas a gente até tenta. Tenta forjar justificativas incoerentes, achar desculpas, erganar a nós mesmos. Mas a verdade é que se a gente não consegue, é por que aquilo de alguma forma afetou a gente no momento. E é muito mais fácil esquecer nossos momentos felizes do que aqueles de dor, sofrimento, angústia, humilhação. Não é que a gente não queira, a gente quer. Porque toda vez que a gente lembra, nos remete a tudo aquilo que foi sentido no momento. "Relembrar o passado é sofrer duas vezes". Mas a nossa memória não é seletiva ao ponto de a gente conseguir escolher exatamente as passagens da nossa vida que não gostaríamos de lembrar, muito menos apagar os sentimentos. Porque eles continuam presentes por mais tempo, mesmo depois de termos esquecido a razão pela qual eles surgiram. E isso continua dentro de você. Mesmo que já tenha perdoado.
Entendam, o perdão é algo divino. O alívio se faz presente também em quem perdoa, porque normalmente os gestos que mais nos fazem sofrer vêm de quem mais gostamos, e por mais que estejamos machucados, não queremos ver quem nós gostamos tristes, angustiados, arrependidos. É... o perdão liberta. Mas uma boa memória nos torna desconfiados. Desconfiados porque a confiança num é lá uma grande coisa, e quem errou uma vez, pode, sempre, errar de novo. E é sempre bom não ser pego de surpresa - não totalmente, pelo menos.
Quando alguém comete um ero com você, você tende a achar que essa pessoa cometerá erros similares outras vezes. Aquele amigo que falou pelas suas costas, o(a) namorado(a) que deu uma pulada básica na cerca, aquele colega que passou por cima de você pra conseguir prestígio. E, desculpa a sinceridade, a pessoa pode até se arrepender na hora e tals, te pedir mil e vinte e duas desculpas e prometer que o que aconteceu não vai se repetir, mas assim, na real, vai sim. Não tô dizendo que ninguém erra, ninguém se arrepende de verdade e bla bla bla, whiskas sachê, é só uma probabilidade maior. O que acontece é que da primeira vez a pessoa não pensou em vc antes de fazer a merda o que fez, então, é muito provável que não pense antes de fazer de novo. Não me leve a mal, as vezes o que te machuca é algo espontâneo da pessoa, ela faz sem perceber, e não se dá conta que está te fazendo mal. Muito embora isso não te ajude muito na hora, é algo a ser levado em consideração. E se esse é o caso, muito provavelmente vai acontecer de novo. E você vai perdoar. Perdoar alguém que talvez nem saiba que precisa do seu perdão. Perdoar... mas nunca esquecer. Por que não é só por que a pessoa não tem consciência disso que você deixa de sofrer, hun?
Aos poucos, porém, a gente se acostuma com a similaridade e frequência dos erros, e o que antes era um grande sofrimento, passa a não ser algo tão grande assim. Você passa a vida perdoando, relevando, mesmo que as vezes não haja reconhecimento. Mas isso é bom, não é? Guardar mágoa é pior pra você... O problema é que em alguma hora paramos pra pensar em nossa vida, em nossas relações. E os sentimentos que viviam ali adormecidos voltam com força total. É pior quando isso é frequênte. Como conviver com alguém que te fez tanto mal? Por mais que tentemos, que gostemos e valorizemos esse alguém, as vezes se torna difícil. Outra pergunta surge a mente então: Por que todo esse esforço em reafirmar o perdão de alguém que não se importou suficientemente com vc, não pensando que suas ações podiam te fazer mal?
Nessas horas você decide que não valhe mais a pena investir tanto empenho numa relação pendida pra um lado só. Essa pessoa, então, dirá que você está fria(o), distante... achará que você é louco(a) ou bipolar, e que o que está acontecendo nada tem haver com suas próprias ações. Talvez te peça desculpa, sem saber ao certo o por quê, desejando que tudo fique bem. Caberá a você, então, decidir se valhe a pena perdoar mais uma vez.  Por que perdoar é divino. Mas lembrar é humano.

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