terça-feira, 29 de dezembro de 2009

~* Insegurança

Insegurança. Instabilidade. Talvez sejam os hormônios da adolescência, talvez não, mas a insegurança me visita pelo menos uma vez ao dia. Me lembro de como era ser criança, ou mesmo de alguns poucos anos atrás: não interessava o que acontecia, eu sabia exatamente pra onde ir, o que fazer. Eu tinha um plano pra seguir. Agora tudo é diferente. Tenho que fazer muitas escolhas, escolhas demais. A insegurança se faz presente em cada uma delas. Tenho medo principalmente daquelas que me afetarão pelo resto da vida, mas todas aquelas que possam interferir de algum jeito no meu presente também me incomodam. Às vezes o medo de arriscar é tão grande que eu acabo optando por não fazer nada, e o medo vence novamente, o medo de destruir o que eu tenho tomando a escolha errada. O problema é que desse jeito eu deixo de viver. Afinal a vida não é feita de riscos? Não é essa a graça? Bom, pode até ser, mas o fato é que eu procuro um pouco de segurança em tudo o que eu faço. Talvez o que me falte é aquele tão citado e tão clichê “porto seguro”, mas eu não faço a mínima idéia de onde encontrá-lo. Não tenho idéia do que fazer. O meio termo sempre me parece chato, e sempre me apego aos extremos. Aos dois. Sempre. Se um lado de mim pensa seriamente em largar a cidade e viver em uma praia deserta, no meio do nada e vender artesanato, o outro quer trabalhar numa grande corporação, morar no centro de uma metrópole e usufruir de todo o luxo que o dinheiro pode pagar. O meu humor é feito de extremos também. Se um dia eu acordo me achando a mais bonita e a mais inteligente de todas, no outro eu me sinto extremamente medíocre. Estes últimos têm sido freqüentes ultimamente. Talvez sejam os hormônios da adolescência, como eu disse. Talvez seja algo mais... O amor é fonte de dúvidas e sofrimento em quase todas as pessoas. Felizes são aqueles que realmente chegam a vivê-lo com a pessoa amada. Para a maioria, porém, tudo o que sobra é a desilusão. A insegurança se faz presente mais uma vez. A sensação de mediocridade também. Afinal são tantas e tantas pessoas ao redor. Por que a pessoa escolhida iria me escolher também? Há algo de tão especial e marcante em mim? Às vezes a insegurança é tanta que a minha resposta a essa pergunta é justamente a insegurança. Talvez eu devesse escutar àqueles que dizem por aí que isso tudo é só uma fase, que é típico da idade. Mas eu olho ao redor e vejo um brilho confiante no olhar de alguns. Sem querer isso me desperta inveja. Começo a imaginar como seria ser aquela pessoa, começo a compará-la comigo, descobrir o que é diferente entre nós, o que está errado em mim. Então eu me sinto mal. As vezes até desesperada. Penso que nunca vou conseguir o mesmo brilho no olhar, a mesma determinação. Penso como é ridículo estar invejando meu semelhante, e por vezes, não conseguir evitar fazê-lo. Me sinto perdida novamente. Procuro algo de bom em mim. As vezes acho. Me lembro de toda a paixão que eu tinha por algumas coisas. Me lembro de como ela foi se esvaindo e amenizando. Percebo então que me tornei quase apática. Mas algo ainda restou. Foi uma fase da minha vida que me ajudou a formar meu caráter. Nesse período eu queria mudar o mundo. Queria acabar com todo o preconceito e toda a fome. Com o frio das noites dos desabrigados, com a solidão daqueles que já não têm algo pelo qual viver, com o menosprezo, com a falta de sentimento daqueles que simplesmente não se importam com tudo isso. Aqueles que acham que tudo está certo e corre exatamente como deveria. Aqueles que não conseguem enxergar além do alcance de seus olhos, cujo o limite, muitas vezes, é o espelho. Aqueles que não se importam ao ver lágrimas no rosto de uma criança. Se não somos capazes de acudir nem mesmo as nossas crianças, que tipo de pessoas somos nós? E quando eu acho que não só eu estou toda errada, mas também o mundo, algo me surpreende. Ao mesmo tempo que a maldade está espalhada por todo o mundo, a bondade, mais tímida, se faz presente também. Talvez até em maior escala, embora mais sutil. Porque por mais problemas que haja no mundo, sempre existem aquelas pessoas que, com pequenas atitudes, os amenizam. Percebo então que o que importa não é exatamente a faculdade que eu vou fazer, ou a profissão que eu vou seguir, mas sim as atitudes que eu tomo para ajudar ao próximo que me farão feliz. O sentimento de fraternidade e dever cumprido que me fará descansar tranqüila durante a noite, e seguir disposta durante o dia.

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